Hotel Tropical / Ariaú Towers / Hotel Park Suites

Queridos todos,

Escrevo-lhes a ultima mensagem de 2006, apostando que o novo ano só existirá com o propósito de se materializar em forma de disposição, grana e sucessos para que todos nós possamos desfrutar um tempo de fausto hedonismo. É isso aí, vamos adotar para 2007, o seguinte mote: Hedonismo para todos, ou bomba de hidrogênio !!!!!

Posto que todos compreenderam o sentido dessa doutrina, atitude de vida que adotaremos, faço proveito dessa mensagem coletiva e passo-lhes a primeira dica:

Sabe aquelas milhas que se acumulam há tempos, estão prestes a se expirar e não se sabe onde investí-las? Pois apostem em Manaus.

O Hotel Tropical Ecoresort de Manaus é um espetáculo que já vale metade da viagem: uma colossal construção em estilo arquitetônico que flerta com o neo-clássico, uma miragem, uma paisagem só concebível nas páginas do realismo-fantástico, edificada no coração, no centro da vida da selva amazônica.

Não obstante todos esse predicados, há também na mesma área , às margens do Rio Negro, o recém construído Tropical Business (hospedando-se no Tropical ou no Bussiness é possível utilizar as instalações de ambos). Em contraponto ao seu irmão primogênito, é de estilo modernoso, e cresce verticalmente. Curioso é que sua concepção foi de tal modo elaborada à reproduzir em seu estilo arquitetônico, o típico barco amazônico. Assemelhando-se à um descomunal farol reinando no cume de uma colina, o Tropical Bussiness debruça-se sobre a imensidão desmedida do Rio Negro, a patrulhar e abençoar as inumeras embarcações que desfilam à sua frente, que são, por assim dizer, a unica forma de ir e vir das populações ribeirinhas.

Isso não é tudo. Esse hotel tem a piscina mais sensacional que já ví. No alto da colina, suas águas transbordam, formando uma cascata invisível, que dá a dimensão de que o Rio Negro, é um prolongamento da piscina. O banho torna-se um deleite não restrito à pele, mas também possível aos olhos. E foi alí mesmo que o sentido da visão me presenteou com um dos mais imponentes espetáculos da natureza: Assistir à formação e ao precipitar de uma tempestade tropical.

À natureza não é dado perder tempo, tudo é muito, muito rápido.

Primeiro, o sol se camufla em algum ponto recôndito do horizonte. Bichos e pássaros se alvoroçam enquanto as nuvens de diversos matizes que vão do cinza ao quase azeviche, vão chegando, se reunindo em uma confraria celestial que em poucos minutos transformará o firmamento em uma gótica e monocromática aquarela escura. O ar se movimentando cada vez mais frenético até se converter na autoridade de uma ventania poderosa, mostrando suas credenciais e dando a dimensão do que se aproxima:

E então meus amigos, todos os outros sons se silenciam, abre-se no céu uma tampa gigante como se um dique tivesse rompido e precipita-se a chuva carpideira de grossos pingos, desabando em cascata solta, nada a lhe impor resistência na velocidade da queda, só a força do vento a comandar o rumo da torrente. No chão formam-se poças, pequenos lagos e regatos correndo em todas as direções, exalando o mais ancestral dos perfumes: o da terra encharcada. O verde naufraga, e toda a vida parece interromper-se sob o diluvio. Atônito, respiração suspensa em minhas idiossincrasias telúricas, imagino ao cair da chuva, que ela, elemento da própria natureza, pode converter-se no esmagamento de toda a natureza !!!!

Finda a tempestade, entra em ação a floresta a agir como a maior esponja do mundo, sorvendo toda a àgua de um só trago, fluído que irá lubrificar as entranhas da terra, cumprir o seu ciclo. Tempo de estio, o sol retorna ainda mais forte, furioso a reclamar a posse de sua majestade e, ai daquele que desdenhar do seu poder ultra-violeta na região da linha equatorial !!!! É hora de reforçar a proteção e se bezuntar de “sundown”.

Observo curioso um grupo de finlandeses (estrangeiros são sempre maioria nesses recantos ecológicos), pele de um branco imaculado armazenando calor e bronze para atravessar, de regresso à sua pátria, os rigores do inverno boreal. Conversam baixo (que dádiva !!!) num idioma muito peculiar, que parece uma compilação de russo, alemão, frances etc… Me aproximo e me integro. Logo se revela a fascinação dos habitantes quase polares pelos rincões tropicais. Cai a tarde e ficam todos alí sentados, improvisando uma arquibancada na borda da piscina, se posicionamndo para assistir à outro espetáculo: o pôr-do-sol no Rio Negro.

Tudo, tudo na amazônia é superlativo. De uma margem à outra do rio, conta-se seis (6) quilômetros !! É é lá do outro lado, no imenso palco do teatro da natureza amazônica que o sol vai nos brindar com a representação cotidiana de sua morte. Seus raios agonizantes, colorido e cambiante caleidoscópio, vão tingindo de rubro as àguas do rio, e numa derradeira demonstração de poder, incendiando a verde capsula gigante de clorofila, para finalmente emergir rendido, nas profundezas da floresta, na capa da noite. Céu viuvo, ouço uma salva de palmas: extasiados com o apogeu desse show, os finlaneses aplaudem a natureza, numa demonstração de sensibilidade ,sabedoria e percepção da pequenez de nossa condição humana diante de tamanha magnitude.

Há também os lodges de selva. Hoje há muitos, rusticos, proliferando pelas ilhas do gigante rio. O Ariaú Jungle Towers é no entanto o precursor desse tipo de empreendimento turistico. Toma-se o barco que segue rio acima, e ao cabo de duas horas e meia, passa-se para botes que adentram nos igarapés até se vislumbar o que parece uma miragem: altas torres de madeira, erguidas em forma de habitação, rivalizando em magnitude e altura com as monumentais arvores amazônicas, estas, uma prova cabal de que o reino vegetal também tem seus exemplos de virilidade.

Passarelas supensas na copa das árvores unem as torres, e perambular por elas é como se integrar ao eco-sistema. Primatas de diferentes espécies habituados à presença humana, se aproximam, 98% do DNA em comum conosco, a dirimir duvidas remanescentes de onde nos originamos. Nesses grotões amazônicas, se torna imperativo edificar essas amizades simiescas, mas refutem os macacos aranha, são ariscos e oportunistas. Em contra-ponto, os barrigudos são sensacionais. Chegam desconfiados, para logo estarem pendurados como apêncides em seu pescoço, colo, pernas…

Assistir à tempestade acima relatada é uma experiência singular. Uma outra é quando esta lhe surpreende num lodge de madeira em meio à “rain forest” em plena escuridão da madrugada. É fascinante na proporção que apavora, mas é justamente essa dicotomia de pavor e extase que dá tempero à emoção. Raios e trovoadas me apavoravam na infância, mas foi na noite umida e densa da floresta, que aprendi a admiriar o lívido ziguezague do relâmpago e deixei de temer a tempestade. Por ano, 100 mil raios (muitos imperceptíveis aos olhos humanos) caem na amazônia.

Poderia contar muito mais, porém o tempo urge e ainda preciso arrumar minha mala. Amanhã, se suas majestades, os controladores de vôos assim o permitirem, rumo para a Bahia, mãe de todos nós, e vou conheçer a Chapada Diamantina.

Aos interessados em compor sua príorpia história amazônica, outra dica:

Acessem o sitio www.viverde.com.br, consultem Ricardo Pedroso. Trata-se de uma operadora local através da qual consegui descontos nos hotéis, e que, ao contrário dos nossos políticos (sic) cumpriu tudo o que prometeu com muita eficiência e solicitude.

Tenham todos um tranquilo natal, e recebam o ano novo hedonista se permitindo todo o prazer que ele nos trará !!!!

Abraços, beijos
Cristóvão