Amazon Ecopark / Tiwa Amazonas / Hotel Century

Prezado Ricardo,

Seguem os comentários q vc pediu para o blog.

Eu, minha esposa e minha filha de três anos estivemos no Amazonas entre 22 e 29 de julho. Não costumo recorrer a agências de viagens ao planejar minhas férias: mas no presente caso, recorri à Viverde praticamente às vésperas da viagem, pq há vários dias estava tentando fazer reserva no “hotel de selva” da minha preferência (o Tiwa), sem obter resposta, mesmo depois de várias tentativas por
e-mail e por telefone (acabei recebendo uma resposta, mas só depois de ter chegado em Manaus, mais de uma semana depois do contato inicial).

Apesar de, inicialmente, não me agradar que o “site” da Viverde somente possibilitasse contatos iniciais via internet (e não por telefone, como seria de minha preferência), optei pela Viverde especialmente em virtude da sinceridade dos comentários (positivos e negativos) postados no “blog”, que a meu juízo conferia muita credibilidade ao trabalho do Ricardo. As respostas da Viverde foram praticamente imediatas (que diferença!), e uma vez fechadas as reservas, mantive contato telefônico com o Ricardo em diversas ocasiões, que sempre foi muito atencioso e em muito colaborou para que nossa viagem fosse bem sucedida.

O tempo também ajudou: somente choveu nos últimos dois dias (mas a tempestade do último dia valeu por uma semana toda).

Em Manaus, ficamos no hotel Century, correto mas frio e impessoal como costumam ser esses hotéis de “business”. Não é um hotel econômico, mas conseguimos um desconto razoável, e o bairro onde ele fica (Chapada) tem uma localização não muito distante do centro e das demais atrações da cidade (o que foi bom, pq o táxi em Manaus é bastante caro, embora algumas cooperativas, como a “Padrão Executivo”, ofereçam 20% de desconto sobre o preço do taxímetro). Além disso, o hotel é ligado a um shopping (o “Millenium Center”) com uma praça de alimentação decente (opção melhor do que a cozinha do hotel), e ficava a poucas quadras do Shopping Amazonas (uma opção bem mais interessante para compras). Fiquei contente de não ter ficado em um hotel no Centro da cidade, que não parecia oferecer oportunidades decentes de compras ou alimentação no período noturno.

Em geral, a parte urbana da cidade não é das mais atraentes. A cidade também não parece estar bem estruturada para o turismo: pedimos ao taxista na saída do hotel que nos levasse ao Palácio Rio Negro, que é talvez a 2a principal atração turística no Centro de Manaus, e ele teve que entrar em contato pelo rádio para descobrir a localizaçao. Não é fácil encontrar táxis na saída de muitas das atrações turísticas.

O Teatro Amazonas realmente impressiona e merece a fama que tem, mas não posso deixar de me queixar da administração do teatro, que apreendeu a câmera fotográfica da minha esposa sob o argumento de que não permitia a entrada de equipamento de fotografia profissional. Não
adiantou argumentar que a câmara estava longe de ser “profissional” (só permitia foco automático), pois o critério utilizado era o de que a câmara era “grande”, e só poderia ser “pequenininha”. Tivemos
que tirar as fotos (o ambiente é escuro e flashes não são permitidos) com uma câmarazinha digital vagabunda que, por sorte, trazíamos conosco.

O Palácio Rio Negro é legal, e o rapaz que nos guiou pelo local foi muito gentil e nos levou a alguns pontos que não estavam abertos ao público em geral (como a torre no topo do palácio). Pena que o ERCAM, em anexo ao palácio, estivesse em condições precárias de conservação.

Também foram legais os passeios no Bosque da Ciência (apesar do tanque de ariranhas estar desativado) e no Zoológico do CIGS. Merece destaque o Museu de Ciências Naturais, que apesar de estar em local de acesso difícil e muito mal sinalizado (felizmente o taxista conhecia o caminho) e do ingresso caro, tinha uma exposição de animais muito interessante e bem organizada, além de um aquário onde podem ser vistas piranhas e pirarucus.

Fizemos um passeio a pé pelo centro antigo da cidade de Manaus, do Teatro Amazonas ao Mercado Municipal, mas não achamos um programa muito interessante (especialmente com criança pequena), sendo uma região muito “muvucada”, de comércio popular, mais ou menos equivalente ao bairro carioca de Madureira. Apesar disso, o Mercado Municipal é um ótimo lugar para comprar as inevitáveis
“lembrancinhas” de Manaus e trabalhinhos de artesanato, a um preço bem melhor do que nas lojas mais chiques.

Para o trecho de “selva”, aceitamos a sugestão do Ricardo e passamos dois dias (com apenas um pernoite) no Amazon Ecopark, e quatro noites no Tiwa (embora somente tenhamos aproveitado três dias, pq chegamos no final da tarde do dia 26/jul e saímos na madrugada de 30/jul para pegar o vôo de 3:20 da manhã). Acredito que a duração da estadia foi suficiente para experimentarmos o que cada hotel oferecia de melhor.

No Amazon Ecopark, os pontos fortes foram os passeios para a Floresta dos Macacos (minha filha se apaixonou pelos macacos, e especialmente pela macaco-barrigudo “Chiquinha”, que é muito meiga e carinhosa com os humanos) e o passeio noturno de canoa (embora não tivéssemos visto nenhum jacaré de perto, presumivelmente porque a cheia do rio dificulta sua localização, a canoa deslizando no escuro sob as
árvores da mata inundada, cercada dos sons da floresta, foi o momento mais apavorante e a lembrança mais marcante da viagem para mim).

Também gostamos do passeio na reserva do hotel, mas nem todos o passeios fossem tão bons (em especial, a visita à comunidade indígena tinha pouco interesse para quem não estivesse a fim de
comprar artesanato). A cada grupo era atribuído um guia (que desempenha as funções de “personal caboclo”, transmitindo os conhecimentos da selva com atenção personalizada), que nos acompanhou
em todos os passeios (no nosso caso foi o Marcos, que foi bem legal).

Banhar-se na água morna do Rio Negro, na praia em frente ao hotel, também é muito agradável. As piscinas naturais são bonitas, mas não muito convidativas para o mergulho. Contudo, achamos ruins as
acomodações em que ficamos. Estávamos no quarto 9-B, que além de pequeno demais para um grupo de três, era pessimamente iluminado, e tinha um banheiro pequeno, praticamente sem separação da área do chuveiro. Creio que poderíamos ter aproveitado melhor a estadia se estivéssemos em um dos chalés melhores do hotel. Minha esposa também se queixou do modo como fomos “despachados” sem qualquer cerimônia no retorno a Manaus, em marcante contraste com a recepção atenciosa
quando estávamos indo ao Ecopark.

Quanto ao Tiwa, a estrutura do hotel e as acomodações são incomparavelmente superiores. Os chalés são espaçosos, bem iluminados (energia elétrica 24h também é um bônus, mas nem todas as janelas tem cortinas, o que pode prejudicar quem queira dormir até mais tarde), a comida é muito boa (a do Ecopark também é boa, mas não tanto assim), a piscina é deliciosa, e o ambiente é muito agradável (os chalés ficam em volta de um lago, onde encontramos pelo menos uma tartaruga e um jacaré). Além das araras e papagaios (que tb há no Ecopark), no Tiwa há uma macaco-aranha chamada “Shakira”, de
temperamento difícil (minha filha, mal-acostumada com a “Chiquinha”, foi mordida e teve o cabelo puxado ao tentar acariciar a “Shakira”). Os passeios que fizemos foram legais: o Encontro das Águas (com pescaria de piranhas), visita à casa do caboclo (minha filha gosta de lembrar que foi a primeira a pegar a jibóia de estimação), visita à comunidade indígena (que foi incomparavelmente mais interessante do que a que fizemos no Ecopark), focagem de jacarés (dessa vez até encontramos um jacarezinho). Mas, em geral, os passeios eram destinados a grupos maiores (pegar um jacaré, dentro de uma lancha grande com outros dez turistas, não teve o mesmo efeito do que o passeio noturno
no Ecopark, dentro de uma canoazinha em que mal cabíamos os quatro), e sentimos falta da atenção personalizada que o “guia” do Ecopark oferecia (exemplificando: no Ecopark, o Marcos sempre dizia ao final do passeio qual seria o próximo evento e a que horas nos reuniríamos. No Tiwa, a gente tinha que perguntar o que faria no dia seguinte e a resposta era: “quais passeios vocês já fizeram?”, como se estivessem tentando nos “encaixar” na programação geral do hotel). Os passeios de barco, em geral, levam a lugares distantes do hotel (diferentemente do Ecopark, onde tudo parecia mais próximo, à exceção da visita à comunidade indígena); e, em geral, durante a hospedagem no Tiwa não
tivemos uma sensação tão marcante de estar “dentro da selva” como havia no Ecopark.

Mas acredito que essas críticas não afetam a qualidade dos serviços do hotel, e eu os relevaria sem maiores problemas se não fosse pelo seguinte: o “site” do hotel anuncia diversas outras atividades de lazer (como arvorismo, “casa do Tarzan”, tirolesa, etc.) que estavam desativadas por ocasião da nossa hospedagem, sob a alegação de estarem em reforma. Entendo que a manutenção de estuturas de madeira numa floresta tropical seja uma tarefa muito ingrata, mas acredito que eu teria o direito de ser informado pela administração do Tiwa, antes de me decidir pela reserva, que diversas das atividades anunciadas não estavam disponíveis aos hóspedes. Descobrir isso depois de chegar ao hotel foi uma considerável decepção, que poderia ter sido evitada se as informações oferecidas me permitissem ter expectativas mais realistas a respeito da estrutura de lazer do hotel.

Afora isso, todos aproveitamos muito a viagem, que foi realmente muito divertida!

Um abraço,

Eduardo Carvalho