Hotel Lord / Vôo panorâmico / Festival de Parintins / Hotel Park Suites

Prezado Ricardo,

Acabei antecipando meu retorno em dois dias. Saí de Manaus na quarta, dia 2.

Comecei hoje a colocar em dia as pendências e correspondências. Tinha inclusive pensado em lhe escrever. Assim, vamos aos comentários, por partes…

1. Amazonas by Viverde – Ricardo.
Atendimento impecável. Atencioso, correto, honesto, pessoal. Foi o melhor atendimento que já tive. E olhe que viajo muito. Já virei o Brasil e muitos países. E busco sempre perambular com “olhos de viajante” para saber exatamente como se sentem os demais viajantes (o que vai um pouco além dos turistas. Obrigado e parabéns.

Estou pensando em “subir o Rio Negro, no próximo ano. Possivelmente julho ou agosto. Pretendo alugar um barco para isso. Barco pequeno, mas com capacidade para levar 4 a 6 pessoas, com pernoite a bordo. Na ocasião (ou um tempo antes), entro em contato com você para ver se tem interesse em operacionalizar o projeto.

2. Amazônia / Manaus.
Costuma dizer que existem dois Brasis. O das grandes cidades e o do interior. Gosto mesmo é de mato, de conviver com as gentes simples, ribeirinhos em especial.
Entre as cidades, tenho carinho e encanto por Manaus. Mas fiquei frustrado com a cidade, nesta viagem. Percebi a cidade mais suja, tomada por ambulantes (sempre houve, mas agora é demais). Sumiram as apresentações feitas anteriormente no largo do Teatro Amazonas. A desculpa pela proximidade do Festival de Parintins não me convenceu. O edifício de ferro e vidro, na praça Tenreiro Aranha, fechado e caindo aos pedaços. O Lord Hotel, tão prático, no centro da cidade, possibilitando andar a pé por todos os lugares, está decadente. Até o Zoológico do Exército está pior que em vezes anteriores. Exceção foi a permanência no Tropical Business. Preço honesto, serviços corretos. Do jeito como está, Manaus vai transformar-se apenas um ponto de parada de uma noite para quem busca os hotéis de selva. E a cidade não merece isso.

3. Vôo panorâmico.
O vôo é legal. O preço não. Não questionei o custo, porque parecia tabelado. Mas foi disparado o valor mais caro que já paguei no Brasil. Nunca paguei mais de R$ 1.000,00, por hora, para vôo exclusivo. A média fica em torno de R$ 700,00. Em alguns lugares, até mesmo R$ 500,00 a hora de vôo exclusivo.

4. Parintins / Ida e Permanência.
No geral, o atendimento da Tucunaré também merece elogios. Ao chegar no aeroporto de Manaus, o pacote estava pronto, o responsável me acompanhou até o check-in. Daí para frente, há reparos a serem feitos.
> No avião fretado, os assentos marcados deixaram de valer, gerando atropelo injustificável. O mesmo no retorno.
> A van do transfer (em Parintins) não tinha bagageiro. As malas se acumularam nos assentos e nos corredores, obrigando passageiros e permanecerem em pé.
> Pergunta: por que o pacote não incluía transfer do hotel para o Bumbódromo? Tão simples. Evitaria a exploração, um táxi para 3 km custava em média R$ 30,00 (um absurdo!).
> Entendo que o Amazon River é o melhor hotel de Parintins. Mas, decupando os valores do pacote, cheguei à conclusão de ter pago em torno de R$ 500,00 por pernoite. Não se justifica pelo que oferece.
O Amazon River é pouco mais que um hotel de pescadores. Fiquei ilhado no quarto, era impossível perambular pela piscina, havia mais de mil pessoas em torno dela. Eram hóspedes?
> E tenho muito a lhe agradecer ter nos colocado no Amazon River. Espiei as outras pousadas. E fiquei imaginando o pesadelo que seria estar em qualquer delas!
Durmo tranquilamente em rede de barco e em casa de ribeirinho. Mas o contexto é outro.
Se um destino quer buscar turistas tem que se qualificar! Não adianta apenas oferecer um belo espetáculo noturno.

5. Autoridades X Turistas.
As autoridades não se dão conta (ou não querem perceber) os equívocos, porque não convivem com a comunidade e não se comportam como viajantes ou turistas. Para eles, tudo é bom, porque as mordomias são muitas.
Ficam em camarotes especiais, com serviço de garçom. No hotel, as “autoridades” tinham mesa exclusiva, garçom exclusivo até mesmo para buscar um suco no bufê que estava a dois metros. Só andavam de carro com ar condicionado e quatro batedores. E, claro, os puxa-sacos de sempre… Sem dizer que eles não pagam nada. De graça não é, porque quem acaba pagando as mordomias deles é a gente, com nossos impostos.
6. Bumbódromo / Espetáculo.
Realmente, um belo espetáculo. Surpreendente. Bonito, profissional. Principalmente se considerados o lugar, as condições e as pessoas envolvidas.
O lugar que você me conseguiu foi perfeito para as fotos que eu queria fazer. Visão ampla, livre, panorâmica. O resultado compensou.
Mas mesmo neste ponto eu faria reparos. Ou perguntas…
a) É cansativo. Cada noite, o espetáculo dos dois bois durou entre 5 e 6 horas. Metade sentado e metade em pé (todo mundo se levanta e se você quiser assistir, também tem que ficar em pé).
b) As alegorias mudam nas três noites. Mas a cantoria é a mesma. Por que não “vender” para os turistas apenas “parte do festival”? Em uma noite, você vê tudo. Nas noites seguintes, é mais do mesmo.
c) Quando fechei o pacote, não vi nenhuma referência à possibilidade de comprar ingresso com direito a estar num camarote. Por quê? Eles são exclusivos dos patrocinadores e dos vips?

7. Custos.
No retorno, muitos amigos perguntaram minhas opiniões e o custo. Percebi que a maioria desiste quando se fala nos custos. A ida ao festival, para quem é do Sul ou Sudeste, fica em torno de R$ 12.000,00 por casal, incluindo pacote Parintins, hotel em Manaus, passagens para chegar até aí. A comparação com os valores pagos por um tour na Europa são inevitáveis. Ainda mais se for considerado o padrão do que se tem acesso na Europa.
Eu sou um viciado em Brasil e em Mato. Mas tenho consciência que sou exceção.
Se realmente o objetivo é levar “brasileiros” para conhecerem o Brasil, este é um detalhe que precisa ser melhor pensado e equacionado.

Não entenda, por favor, nenhum dos comentários como crítica ao seu trabalho. São considerações de alguém que batalha pelo turismo brasileiro há anos.
Em algum momento, você acabará participando de um desses encontros para “discutir” o turismo da Amazônia. Espero ter auxiliado, com opiniões claras e isentas para melhorar nosso setor.

Mais uma vez, obrigado e parabéns!

Abraços.

Werner Zotz